Essa
minha eloquência rotineira me levou onde jamais imaginei. Mas talvez isso seja
apenas um reflexo do uso exacerbado da minha simpatia. Ultimamente me sinto
enclausurado e pressionado por memórias que nunca fizeram parte de mim, mas
mesmo tendo essa falsa e vaga estimativa de mim mesmo, posso corrigir os erros
que jamais serão concebidos. Sinto-me desprezado pela minha própria faixa de
tolerância, como se nada do que eu fizesse ou pensasse fosse suficiente para eu
mesmo me incluir no meu círculo de admiração. Penso que seja apenas uma fase
que demonstre a sucessão de casos mal resolvidos, ou que seja, mas isso eu
aprendo com o tempo, o tempo que me leva além, mas que continua me mantendo
refém. E assim continuo vagando no mundo das idéias que eu mesmo implantei,
fazendo dele o mundo que eu queria que todos vivessem. Talvez esse seja o meu
principal defeito, querer que todos sejam meus, meus aliados, meus amores, meus
escravos e meus amigos. Por fim, sei que toda e qualquer reflexão de mim mesmo
vai sempre bater no mesmo problema, eu sou egoísta demais a ponto de querer ser
o mais altruísta de todos.